Preceitos básicos do Espiritismo

Livre-arbítrio

O homem é um espírito eterno, criado por Deus, destinado à felicidade e à perfeição, através do exercício do seu livre-arbítrio, isto é, agindo segundo a sua vontade, e nos limites da vontade soberana de Deus. Por ser livre tem a responsabilidade dos seus atos, razão pela qual responde por eles.

Se agir em harmonia com as Leis Divinas, progride no bem e será feliz mais rapidamente; se agir em desarmonia, seguindo o caminho do mal, sofrerá e será infeliz, permanecendo, por sua própria culpa, distanciado da perfeição e da felicidade prometida.

A lei da causa e efeito vem embutida no livre-arbítrio e nos obriga a arcar com as consequências de nossos atos. Assim, o Espiritismo nada proíbe àqueles que seguem sua doutrina, pois entende que cada um é responsável por sua vida e pelo seu destino. Se agirmos fora do bem, seguramente sofreremos – cedo ou tarde, nesta ou em outra encarnação – os efeitos de termos infringido a lei de Deus. E que lei é essa?

É a lei do amor. Tudo que não é amor, tudo que não é justiça e tudo o que prejudica o próximo (ou a nós mesmos), fere a lei de Deus e traz consequências para quem assim age.

Fica simples compreender tal lei se pensarmos, por exemplo, em nossa alimentação. Se nos alimentamos equilibradamente teremos uma vida saudável. Se deixarmos de ingerir o necessário ou se nos tornarmos glutões esse desequilíbrio trará graves resultados à nossa saúde. Tudo podemos, mas arcamos com o resultado de nossas escolhas.

 

Reforma íntima

Um dos ensinamentos básicos do Espiritismo é que devemos nos esforçar sempre em busca da melhora de nosso comportamento. Esse aperfeiçoamento deve ser tanto no campo moral quanto no intelectual.

Devemos sempre buscar nosso aprimoramento naquelas questões em que agimos mal. Lentamente, uma imperfeição após a outra, todas elas serão eliminadas em nossa escalada rumo à evolução espiritual. Esse deve ser o objetivo e o compromisso de todos os que partilham dos ideais espíritas. Essa constante atenção ao autoaperfeiçoamento é o que o Espiritismo chama de reforma íntima.

É comum aos que se iniciam no Espiritismo querer melhorar imediatamente. A natureza, como sabemos, não dá saltos. O que somos hoje é produto de milhares de anos de lenta e gradual evolução. Nossos acertos são patrimônio que adquirimos pelo exercício de nossa inteligência e no comando de nossa vontade. Nossos erros são fruto de nosso condicionamento, de nosso mau julgamento, de nossa ignorância, de nosso preconceito e de concessões que fazemos ao nosso ego.

Não se muda da noite para o dia. Há aí um imenso risco de frustração. Devemos, sim, nos empenhar em nossa reforma íntima, mas compreendendo que as grandes mudanças surgem lentamente, um passo após o outro.

 

Compreender e perdoar

Como é difícil aceitar os conselhos de Cristo: “Amai vossos inimigos”! Difícil aceitar pela nossa imperfeição, ignorância e falta de humildade.

De acordo com o Espiritismo, o inimigo nada mais é do que um espírito em evolução, erra e necessita de compreensão e perdão. Exatamente como nós. Se nós mesmos erramos e precisamos do perdão alheio, assim também acontece com nossos inimigos.

Jesus Cristo nos recomenda que amemos ao inimigo, que exercitemos esse amor. O que o Espiritismo nos sugere é que, se não conseguimos de fato amá-lo, que, por meio da reforma íntima, ao menos busquemos compreender as razões de nossa inimizade.

 

Prática da caridade

O Espiritismo afirma: “Fora da caridade não há salvação”. A beleza dessa afirmação é que a prática da caridade não exige filiação a nenhuma seita. Assim, o Espiritismo não se declara como a única alternativa à “salvação das almas”, à sua felicidade. Ao contrário, afirma que praticar a caridade é mais importante do que ser espírita. Pois, sem a prática da caridade, qualquer que seja a crença, será impossível atingir o estado de puro espírito.

Tal preceito é coerente com a pregação de Paulo de Tarso, que coloca a caridade acima da própria fé, pois ela está ao alcance de todos e independe de religião.